terça-feira, março 27, 2007

Afinal para onde vamos?

Ora então boa noite.
Hoje venho falar sobre duas coisas que estão ligadas entre si. Como não poderia deixar de ser, uma delas é esse "fabuloso" concurso, chamemos-lhe assim realizado pela nossa televisão de serviço público a R.T.P. que foi o "Grandes Portugueses".
Como todos sabemos, este "concurso", cópia ou quase do que a BBC inglesa criou, veio colocar várias questões sobre nós próprios, sobre a nossa identidade e cultura. Após vários meses de nomeados e excluidos, tal como um bom "Big Brother", lá ficaram os últimos dez finalistas. Lista curiosa mas homogénea que abrangia vários aspectos e épocas sociais, culturais, históricas e políticas da nossa história. Tivemos reis, poetas, políticos, filantropos e navegadores a concorrer. Até aí tudo bem ou não, (mas como não vou falar sobre a estrutura do programa ou se concordava com ele ou não, fiquemos por aqui), o pior foi quando começou a "luta" para ver qual era o maior dos maiores. Cada um dos finalistas teve direito a um "advogado de defesa", documetário sobre a sua vida e obra (talvez um dos poucos aspectos positivos do programa, apesar de algumas lacunas e parcialidade, tal como era de esperar) e uma série de debates em que se argumentava a favor ou contra os nomeados, debates esses que por vezes foram autênticas "peixeiradas", mais uma vez com falta de rigor histórico, muita parcialidade e uma infeliz campanha publicitária, com uns outdoors no minimo aberrantes em que colocavam questões e contradições de pôr as mãos na cabeça, onde por exemplo e este é um dos mais inacreditáveis, que coloca o Vasco da Gama como um corsário a soldo do rei, enfim sem comentários.
Mas até aqui pronto compreende-se (pouco), faz parte do "show business". Agora para mim, o mais terrível desta situação toda foi o resultado da votação!!!!
Meus amigos(as) como é possível em pleno séc XXI, dar a "vitória" a uma pessoa como o Salazar!!!!
Isto para mim é estranhíssimo, um país onde há escassos 32 anos, sai de uma ditadura de 40 anos, com opressão, repressão, censura, policias políticas, prisões políticas, enfim tudo aquilo de mau que o fascismo pode trazer, vai eleger para melhor português a pessoa que pôs tudo isso em práctica. Eu pessoalmente não vivi o fascismo, nasci em 1976, mas do que sei e percebo, e não é preciso ser muito inteligente para ver isso, o fascismo não trouxe, nem nunca trará nada de bom a nenhum país. Espero e quase tenho a certeza, visto esta votação não se basear em nenhuma sondagem científica mas sim numa votação voluntária, que de certeza mobilizou os apoiantes da causa do fascismo, que esta não seja a opinião da maioria dos portugueses, mas sim como disse anteriormente, obra de apoiantes organizados, porque se este for o caminho em que estamos de novo a seguir, é muito mau para todos nós e iremos sofrer as consequencias disso. Isto leva-nos a outro acontecimento que está ligado ao mesmo assunto.
Na universidade de letras de Lisboa está a decorrer as eleições para a associação de estudantes, até aí nada de anormal, o anormal é uma das listas concorrentes, ser apoiada e ter elementos de um partido com ligações à extrema-direita portuguesa. Isto é que me preocupa, são estas movimentações junto aos mais jovens, que tal como eu não viveram no fascismo, mas que não têm a percepção do que o fascismo é na realidade, para os tentar convencer a apoiar a causa deles. As teorias dos fascistas, são e serão sempre as mesmas tanto nos anos 20/30 do sec. XX, tal como agora no princípio do séc. XXI, a insegurança, a falta de trabalho, os emigrantes, etc. toda essa ladainha que já conhecemos e que infelizmente ainda consegue convencer muita gente. Sejemos realistas, as medidas que eles apregoam não servem para nada, não resolvem nada, são medidas cobardes e sem nexo, argumentos de gente preguiçosa e sem inteligencia para melhorar as situações, sem ser a pôr a culpa nos outros. Por isso não se deixem enganar, sim há problemas sérios em Portugal, ainda por cima temos um governo que só tira dos pobres e dá aos ricos, mas tudo se resolve tem de haver é inteligencia e perspicácia para isso, sem usar a repressão, a violência e tudo o que de mau está agregado ao fascismo.
Obrigado por "aturarem" este desabafo mas é como eu me sinto nesta altura.
Como normalmente, vou deixar aqui uma sugestão para "passar o tempo", aconselho-vos um filme de 2004, que se chama "Hotel Ruanda"
Este filme, baseado numa história verídica, retrata a coragem de um Homem, Paul Rusesabagina, gerente de um hotel, em kigali, capital do Ruanda que durante o genocídio em 1994 conseguiu salvar mais de 1200 pessoas da etnia Tutsi, sendo ele da etnia rival Hutu, causadora do massacre. Uma história de coragem e também de amor ao próximo, num acontecimento que envergonha a comunidade internacional que permitiu que quase um milhão de pessoas fossem violentamente assassinadas. O filme em si está muito bem realizado, em que o actor que faz de Paul Rusesabagina, Don Cheadle, faz um trabalho soberbo. Aconselho a verem este filme e a pensarem na mensagem que ele deixa. Por hoje está tudo, obrigado por me aturarem.
Pipas

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