sábado, fevereiro 27, 2010

Centenário da RadioTelegrafia na Marinha

Boas, espero que estejam todos bem, hoje (apesar de há algum tempo não cá vir, por razões de todos vocês conhecidas), resolvi fazer um post sobre mim.
Não é propriamente sobre mim mas sim sobre o que eu faço na vida profissional.
Como é conhecido de todos os que frequentam este blog eu sou militar da Marinha, já fiz vários posts sobre esse assunto em que mostro um pouco da vida de Marinha, desde os exercícios e acções que a Marinha participa, às condições duras e adversas que por vezes passamos no mar.
Apesar disto tudo nunca falei das minhas funções na Marinha.
Todos nós na Marinha temos funções específicas que são identificadas através das especialidades/classes que escolhemos quando nos alistamos.
Dessas especialidades/classes há várias na Marinha, desde Artilheiros, Manobras, Condutores de Máquinas (pessoal que trabalha com motores, não confundir com os condutores de automóveis), Electricistas, Cozinheiros, Padeiros, Fuzileiros, etc. e eu sou especializado em Comunicações, mais propriamente em rádio comunicações ou como vulgarmente conhecido Telegrafista.
A minha especialidade é uma especialidade que (in)felizmente foi extinta e já explico porquê, mas que eu tenho um orgulho enorme de pertencer e foi talvez (ou mesmo de certeza) a razão pela qual eu segui a vida militar e de Marinha.
As comunicações na Marinha antigamente estavam divididas em duas subclasses, os Telegrafistas e os Sinaleiros, sendo os Telegrafistas como atrás referi da parte rádio e os Sinaleiros de sinais, morse luminoso e bandeiras conhecidas como comunicações visuais.
O que tornava tão "especial" a classe de Telegrafista era o morse acústico. Todos nós conhecíamos e conseguiamos decifrar esse código de pontos e traços que para os "leigos" soava a "tirititis"sem nexo e a nós era uma música que formava mensagens, informações e ordens importantíssimas para o desempenho das missões dos navios no mar.
Com a evolução das tecnologias de comunicações (e ainda bem) o morse acústico deixou de ter razão de existir, sendo formalmente extinto nas comunicações comerciais e militares no ano 2000, existindo apenas no radioamadorismo actualmente.
Sendo assim as duas classes de Telegrafistas e Sinaleiros foram extintas e fundidas, tornando-se numa só classe, a de Comunicações.
Naturalmente que nós os das classes antigas, fomo-nos actualizando e continuamos a exercer as nossas funções na área da Rádio, operando sistemas e equipamentos complexos de comunicações tanto em rádio normal como por satélite ou digital.
Naturalmente que eu (e todos os antigos Telegrafistas), sentimos a nostalgia e as saudades do morse acústico que era o orgulho da nossa classe e o que nos tornava tão especiais.
Este post talvez um pouco biografico e lamechas, serve como mote a esta reportagem que dá a conhecer o centenário das primeiras radiocomunicações realizadas pela Marinha e uma exposição alusiva ao tema que se encontra na Casa Da Balança, nas Instalações Centrais de Marinha na Praça do Comércio.
Espero que gostem.


1 comentário:

Anónimo disse...

Tambem eu tenha essa nostalgia. Foram 5 anos de 68 a 73 com os auscultadores enfiados , noites sem fim, nalgumas situações sentindo a angústia de um ... --- ... (SOS) em mar tempestuoso. SÓ QUEM OS OUVIU COMPREENDERÁ !

Abraço