domingo, julho 27, 2008

O Grito da Gaivota

Meus amigos, este post, tem duas funções, a primeira é falar-vos de um livro que li, como habitualmente faço e a outra é prestar a minha homenagem à minha amiga Arco íris Negro, porque foi ela que me “obrigou” a ler esse livro e que depois de o ter lido fiquei finalmente a perceber e a entender o maravilhoso trabalho que ela tem, e o bem que faz a tanta gente por ter optado dedicar-se de corpo e alma a isso.
A ela o meu obrigado, por me fazer ver que as pessoas surdas são pessoas como nós, que são capazes de comunicar, falar, entenderem-se e serem entendidos por todos, tal como nós, graças à língua gestual, língua essa em que ela é profissional, sendo um elo de ligação entre as pessoas ouvintes e as pessoas surdas.
O livro em questão, chama-se “O Grito da gaivota” e é o testemunho na 1ª pessoa de Emmanuelle Laborit, surda profunda de nascença que se tornou numa actriz de sucesso em França.
Emmanuelle, cuja surdez só foi detectada aos 9 meses de idade, foi “obrigada” a seguir os métodos tradicionais de ensino e comunicação para os surdos, aprender a vocalizar e a ler lábios, até que um dia por casualidade os pais descobrem a língua gestual.
A partir daí, a sua vida muda radicalmente, ela sente-se presa por ser obrigada a seguir um tipo de comunicação restritivo, com o qual não consegue comunicar com os outros, visto que a língua gestual francesa era proibida nessa altura e com a indiferença da parte dos “ouvintes” que querem que os surdos, (as únicas pessoas com uma diferença que não é visível), sejam como eles e não aceitem a diferença.
Ela com essa revolta, tem uma adolescência conturbada e problemática, mas consegue dar a volta, ser uma activista dos direitos dos surdos e do reconhecimento da língua gestual.
Devido a essa luta e atitude, consegue seguir o seu sonho de infância, o teatro e tornar-se numa actriz de sucesso, recebendo inclusivé o prémio Moliére de revelação do ano, um dos mais importantes do teatro francês.
Como tinha dito no princípio do post, este livro abriu-me os horizontes, despertou-me para uma realidade que desconhecia, inclusivé houve partes no livro que de tão intensas que são, me trouxeram as lágrimas aos olhos.
Este é um livro que todos deviam de ler, não é muito grande, é bastante fácil de ler, não é tecnicista nem lamechas. É um relato verdadeiro e sentido, de uma jovem (escreveu o livro aos 22 anos), que tem uma perspectiva diferente do mundo.
Aqui fica a minha pequena homenagem às pessoas surdas e a todos os que os encaram como pessoas normais, com direito de escolha e de comunicação.
Deixo também um pequeno vídeo com uma entrevista que ela deu à televisão francesa, que contém um pequeno excerto de uma representação dela.
Fiquem bem
Pipas

P.S. Beijo grande Arco Íris e obrigado por me teres “obrigado” a ler “O grito da Gaivota”

3 comentários:

aespumadosdias disse...

É 1 trabalho sem dúvida muito gratificante, e importante.

Anónimo disse...

Fiquei impressionado com esta lição de vida.

- disse...

Bem, nem sei bem que dizer...
todo o post é maravilhoso pelo tema, o livro é maravilhoso e a emmanuelle tb...
quanto aos elogios que me teces, sabes bem que não faço isto por altruismo mas por amar a língua gestual.
obrigada pelas tuas palavras lindas :)