Boa noite amigas(os), hoje comemora-se o dia mundial da Poesia.
Sendo eu um apaixonado pela literatura, e com um carinho especial pela poesia, naturalmente que não podia deixar de passar em claro esta efeméride.
Em vez de escrever aqui um texto sobre a poesia, uma coisa chata e sem sentido, a forma que escolhi para comemorar esta efeméride, foi deixar dois poemas, de autores Portugueses, um da minha geração, o José Luís Peixoto, que para além de poeta é um grande escritor, cheio de talento e que já tem vários livros editados e traduzidos em vários países, incluíndo os Estados Unidos, país cujo mercado literário é muito fechado para os escritores estrangeiros, por isto se pode ver o seu mérito como escritor.
O outro poema é uma cantiga de amigo, os primórdios da nossa literatura, principalmente da nossa poesia, visto ter sido o primeiro género literário a desenvolver-se na nossa história literária, talvez por isso este nosso Portugal tenha sido tão fecundo em Poetas e Poesia.
Pipas
Sendo eu um apaixonado pela literatura, e com um carinho especial pela poesia, naturalmente que não podia deixar de passar em claro esta efeméride.
Em vez de escrever aqui um texto sobre a poesia, uma coisa chata e sem sentido, a forma que escolhi para comemorar esta efeméride, foi deixar dois poemas, de autores Portugueses, um da minha geração, o José Luís Peixoto, que para além de poeta é um grande escritor, cheio de talento e que já tem vários livros editados e traduzidos em vários países, incluíndo os Estados Unidos, país cujo mercado literário é muito fechado para os escritores estrangeiros, por isto se pode ver o seu mérito como escritor.
O outro poema é uma cantiga de amigo, os primórdios da nossa literatura, principalmente da nossa poesia, visto ter sido o primeiro género literário a desenvolver-se na nossa história literária, talvez por isso este nosso Portugal tenha sido tão fecundo em Poetas e Poesia.
Pipas
A Casa
eu conhecia a distância entre as paredes. caminhei muitas
vezes pelo corredor. a sala: o sofá grande, a janela fechada
para a rua, o quadro bonito e antigo: a sala: estas palavras e
este verso podiam ser o corredor se as palavras fossem
a tinta nas paredes: a cozinha: a mãe a contar-me
histórias, a mesa, a água que lavava os talheres, o lume do
fogão. a cozinha era onde estávamos felizes.
quero que a casa fique desenhada:
quarto, escada , despensa, sala,
casa de banho, corredor corredor,
cozinha cozinha, escritório.
depois, subia as escadas:
despensa, quarto, quarto,
despensa, corredor, casa de banho,
despensa, escadas, quarto.
depois, descia as escadas.
eu, na cozinha, chamava a minha mãe. a minha voz: mãe.
a minha mãe respondia-me: estou aqui. e estava num dos
quartos de cima. eu subia as escadas para a encontrar.
de manhã, eu acordava e descia as escadas.
sem que eu soubesse, os anos passavam na casa. sem que eu
soubesse, a minha mãe e o meu pai envelheciam. a casa era
toda de claridade e eu não sabia que iria envelhecer assim que
saísse de casa.
havia janelas e havia portas. eu subia para cima de cadeiras
para abrir as janelas. da janela do meu quarto, via o mundo.
sei hoje que poderia ter vivido sem mais mundo do que esse.
sei hoje que transformei o mundo todo nessa casa. chamo a minha
mãe. está num dos quartos de cima. está muito longe. chamo o meu
pai. está muito longe.
José Luís Peixoto
A Casa, a Escuridão
Lisboa, Temas e Debates, 2002
"Tam grave dia que vos conhoci ,
por quanto mal me vem por vós , senhor !
ca me ven coita , nunca vi mayor ,
sen outro ben, por vós , senhor , des i
por este mal que mh'a mim por vós ven ,
come se fosse bem , ven-me por em
gran mal a quem nunca o mereci .
Ca , mha senhor , porque vos eu servi ,
sempre digo que sode'la milhor
do mund'e trobo polo vosso amor ,
que me fazedes gram ben e assy
veed'ora mha senhor do bon sen ,
este bem tal se compre en mi rrem ,
senon , se valedes vós mays per y .
Mais eu , senhor , en mal dia naci .
del que non tem , nem é conhecedor
do vosso bem , a que non fez valor
Deus de lho dar , que lhy fezo bem y ,
per, senhor , assy me venha bem ,
deste gram bem , que el por ben non tem ,
muy poyco del seria grand'a mi .
Poys, mha senhor , rrazon é , quand'alguen
serv'e non pede , já que rem lhi den ;
eu sservi sempr'e nunca vos pedi. "
(D. Afonso Sanches )
2 comentários:
Uma boa perspectiva da poesia: uma moderna e outra antiga...
O que seria deste mundo se não existisse a poesia?...
Eu retribuo com algo completamente diferente... o site que tem online os poemas do The Melancholy Death of Oyster Boy do Tim Burton: http://homepage.eircom.net/~sebulbac/burton/home.html
Eu tenho o livro e acho-o um muffin de chocolate negro com morangos a acompanhar e um blackberry milkshake... isto sendo uma metáfora para esta poesia...
Espero q gostes. Se precisares de ajuda em alguma palavra avisa****
Enviar um comentário